Japão inova com cultivo em áreas salinizadas

As primeiras colheitas dos produtos cultivados nas áreas salinizadas de Sendai causaram surpresa. O tomate já salgado foi bem recebido e elogiado. O mesmo não aconteceu com o arroz e a soja, alimentos básicos na mesa da família japonesa. O processo de dessalinização era lento e caro. A alternativa foi apresentada pela Universidade Tohoku: a canola, que não absorveria o sal do solo e poderia ser cultivada até nas áreas contaminadas pela radiação.

Como as terras japonesas são inclinadas, boa parte do solo foi lavado pela chuva e se recuperou. O problema maior estava nas planícies, onde os trabalhos foram mais prejudicados. Cerca de 40% das terras agricultáveis ainda não foram recuperadas e são grandes campos vazios.
A canola cultivada nas áreas salinizadas será usada para alimentação, biodiesel e para a fabricação de velas - uma exigência dos patrocinadores do projeto, que planejam apagar as luzes da cidade e iluminá-la por alguns minutos apenas com velas no aniversário de dois anos do desastre. Como a canola não se desenvolve em áreas alagadas, é preciso adaptar o terreno onde antes era plantado o arroz.

plantação de canola


Segundo o Michiaki Omura, professor assistente envolvido no projeto, o maior desafio, entretanto, é o envolvimento dos agricultores. "Eles recebem subsídios do governo e doações do mundo todo, e não estão interessados em recuperar as terras. Além disso, precisariam investir em maquinário. É muito mais fácil esperar pela recuperação da terra nos próximos anos recebendo ajuda federal em vez de diversificar a produção."
Segundo o pesquisador, a maioria também não aceita romper com a tradição de cultivar arroz. "É uma cultura que passa de geração para geração entre as famílias, mesmo que muitos hectares fiquem abandonados”. Alguns agricultores cederam às terras para os testes de produção, mas não pretendem manter o empréstimo no próximo ano.

plantação arroz
Omura lembra que a canola também é uma alternativa para as terras contaminadas pela radiação, já que ela absorve os resíduos. A produção poderia ser usada apenas para biodiesel ou biomassa. Um exemplo é a região de Narodichi, próxima de Chernobyl, que iniciou em 2007, com tecnologia japonesa, a produção de canola numa área sem cultivo há mais de duas décadas. Os testes mostraram que a planta absorve o césio-137 e o estrôncio-90.


Fonte: Estadão

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