Governo do Japão consulta especialistas em economia sobre aumento de imposto



Ao contrário do Brasil, onde as medidas econômicas são sempre tomadas única e exclusivamente por sua equipe econômica governamental, o governo do Japão começou a ouvir a opinião de especialistas na área de economia a respeito de se deve seguir adiante com o aumento do imposto sobre consumo agendado para entrar em vigor em abril do ano que vem.


Os ministros das Finanças, Taro Aso, e da Revitalização Econômica, Akira Amari, irão encontrar-se ao longo de seis dias a partir desta segunda-feira (26/08) com um total de 60 pessoas. Estão incluídos neste grupo acadêmicos, representantes dos setores de negócios, de trabalhadores e de grupos de defesa do consumidor.



As opiniões dos especialistas, incluindo se eles são a favor ou contra o aumento, além de propostas de medidas econômicas e reforma do sistema tributário, serão sistematizadas em um relatório e submetidas ao primeiro-ministro Shinzo Abe no começo de setembro.



Abe deve chegar a uma decisão final no começo de outubro após levar em consideração este relatório além de indicadores econômicos tais como a variação do PIB que será publicada no dia 9 de setembro.


Já foi promulgada legislação que prevê a elevação da alíquota do imposto de consumo dos atuais 5% para 8% a partir de abril. No entanto, uma condição para a execução do plano é haver uma melhoria da situação econômica do país. Os encontros com especialistas têm o objetivo de avaliar a situação econômica e as perspectivas futuras. Não se trata simplesmente de optar por aumentar ou não o imposto de consumo.

Tanto uma opção como a outra trarão grandes riscos e, assim, o governo decidiu ouvir várias opiniões.

Um dos quadros possíveis, por exemplo, é ocorrer uma alta dos preços em consequência da política econômica do primeiro-ministro, Shinzo Abe - a chamada Abenomics -, sem uma elevação dos salários. Neste caso, o aumento do imposto de consumo para 8% colocaria um grande fardo nos ombros dos consumidores. Se a população apertar os cintos, poderá haver uma retração econômica.


Já no caso de não ser aumentado o imposto de consumo, os mercados financeiros poderão interpretar a medida como sinal de que o governo não tem intenção de honrar a dívida pública. A dívida, hoje em torno de 10 trilhões de dólares, equivale aproximadamente ao dobro do Produto Interno Bruto do Japão. Tal situação levaria a uma venda em massa de títulos públicos e a uma elevação acentuada das taxas de juros. Outro resultado seria um aumento dos juros de empréstimos imobiliários. Os juros dos bancos também subiriam, dificultando a tomada de empréstimos pelas empresas. Um importante objetivo das reuniões com especialistas é definir opções para reduzir estes riscos.

Se o governo aumentar o imposto de consumo, será importante dispor de meios para tomar medidas econômicas arrojadas com vistas a não prejudicar a economia.


Se a alíquota do imposto não for aumentada em abril, um plano alternativo em estudo - em lugar de um simples adiamento da medida - é uma elevação do imposto em ritmo anual de 1%. A atual legislação prevê o aumento da alíquota em duas etapas até a sua elevação para 10% em 2015. Também foi cogitada a possibilidade de evitar a medida no ano que vem e realizar uma única elevação, para 10%, em outubro de 2015.



Muitos pontos precisam ser debatidos - por exemplo, a eficácia das propostas. Outro ponto central das discussões será a necessidade de intensificar o afrouxamento monetário para evitar uma acentuada elevação das taxas de juros na eventualidade de não haver o aumento do imposto de consumo.



Fonte: NHK WORLD

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Estrangeiros contam as dificuldades de ter uma esposa japonesa

Mogiano lembra os bons tempos do Palacete Jafet

Contra crise, moda no Japão são hotéis a preços baixos e com espaço mínimo