Idosos japoneses querem continuar trabalhando após aposentadoria


Enquanto os brasileiros quando atinge idade próxima a aposentadoria, ficam ansiosos e contando os dias para se aposentar, no Japão é totalmente o oposto.

Os japoneses querem continuar trabalhando, e o governo enfrenta um problema: como atender aos desejos de um enorme número de trabalhadores idosos cheios de disposição.

A aposentadoria no Japão se dá somente por idade. Até o ano de 2011 a idade era de 60 anos, mas o governo alterou este ano para 61 anos e irá aumentar gradativamente até 65 anos em 2025.



A medida foi tomada devido ao cenário em que a maior população de aposentados da história se torna dependente do governo já muito endividado. “Caso não fizéssemos isso, caminharemos para um desastre”, cita um membro do ministério da previdência.

A aposentadoria pode ser o início de uma nova etapa produtiva e não necessariamente o confinamento definitivo em casa.

Uma recente pesquisa realizada pelo governo japonês revelou que 70% das pessoas entre 60 e 69 anos querem continuar contribuindo para a sociedade, trabalhando, para manter a saúde ou para encontrar amigos.

Quase 15% da população japonesa é composta por sexagenários. Eles pertencem à geração que nasceu pouco depois da guerra e que foi a chave para o progresso econômico do país durante o período pós-guerra. Apesar da aposentadoria, são pessoas que pretendem continuar trabalhando e contribuindo. 

O acúmulo de experiências que tem um aposentado pode ser aproveitado por outras pessoas. É o caso de Shinji Matsumoto, 64, um engenheiro aposentado da Asahi Glass, que esteve por dois anos no Vietnã como parte de um programa de voluntariado da Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA).

Matsumoto ensinou os engenheiros vietnamitas a elaborar planos de negócios, melhorar a eficiência no trabalho e garantir a segurança nos locais de produção.

Além disso, o ex-funcionário da Asahi tem prestado assessoria a cerca de 50 empresas japonesas, sem se desligar do Vietnã, para onde freqüentemente viaja com o objetivo de ministrar palestras.

A Genius Corp, uma empresa de recursos humana destinada a idosos com conhecimentos técnicos e experiência em negócios, tem uma lista com cerca de 250 engenheiros e 50 especialistas em negócios internacionais. Desde que foi criada em maio de 2011, tem recebido muitos pedidos de empresas japonesas e estrangeiras interessadas em contratar seus serviços.

A Universidade Rikkyo também abriu em 2008 um centro de aprendizado dirigido às pessoas com mais de 50 anos. A demanda desde então tem ultrapassado as expectativas. A cada ano, mais de 500 pessoas mostram interesse nos cursos. Entre os estudantes, cuja idade média é de 62 anos, há desde donas de casa até advogados.

Um exemplo é o de Jun Kadoda, 64, ex-diretor financeiro da filial japonesa da JPMorgan e ex-vice-presidente da Citibank Japan. Ele se aposentou no ano passado e em abril se matriculou no programa com a intenção de aprender coisas que estavam fora da sua realidade no trabalho. Quando se aposentou, recebeu uma proposta de emprego bem remunerado, mas ele recusou porque tinha a intenção de começar algo totalmente novo.

Manter os trabalhadores idosos ativos poderá representar uma economia nos custos com saúde. Nagano, uma cidade no centro do Japão, tem a maior proporção de trabalhadores idosos entre todas as prefeituras do país e seus idosos gastam menos com saúde, segundo um relatório divulgado em 2007 pelo Ministério da Saúde japonês.

Comentários

  1. Muito boas as informações! Agradeço! Aproveito para recomendar um livro, que aliás pode ser lido atualmente de forma gratuitamente online (pelo site da Bookess editora), de forma legal: Código Querubim, por Américo Longo. Basta buscar na web e encontrará facilmente... Também há a versão em inglês: Cherubim Code. Abraço!

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Mogiano lembra os bons tempos do Palacete Jafet

Estrangeiros contam as dificuldades de ter uma esposa japonesa

Japão é campeão de reciclagem de latas de alumínio