Arquitetura Sustentável

Foi realizado nos últimos dias 29 e 30 de Março, pela primeira vez, no Rio de Janeiro, o Arq.Futuro, encontro no qual a arquitetura é o tema central, propondo a análise contemporânea através de abordagens artística, social e ambiental. O evento reuniu profissionais de destaque do Brasil e do exterior, que compartilharam suas experiências, opiniões e critérios estéticos que movem cada arquiteto, a educação dos cidadãos sobre o assunto e as soluções urbanísticas para as cidades.

Um dos destaques do evento foi o arquiteto japonês, Shigueru Ban, professor da Universidade de kyoto, que já foi agraciado com diverso prêmios internacionais.
Arquiteto Japonês Shigueru Ban
Shigeru Ban apresentou os fundamentos de sua obra e, com eles, sua filosofia. Suas construções são uma defesa viva do uso criativo de materiais como tubos de papelão e engradados de cerveja, do conceito de reaproveitamento, da mobilidade das estruturas, de espaços abertos que conectem as edificações aos cenários que as cercam e, sobretudo, do respeito igual para projetos monumentais milionários e para baratíssimas habitações para desabrigados de desastres naturais.
- Quando comecei, fiquei desapontado com minha profissão. Vi que trabalhamos quase sempre para pessoas privilegiadas que tem dinheiro e poder, fazendo para elas monumentos para que mostrem toda essa ostentação. Não havia arquitetos, porém, pensando em casas para regiões afetadas por catástrofes naturais. Comecei a me dedicar a isso, ao mesmo tempo em que fazia obras maiores.

Uma de suas primeiras pesquisas, o arquiteto conta, foi com tubos de papelão - que utiliza amplamente até hoje, como seu recente projeto de uma catedral na Nova Zelândia. Com eles, Shigeru monta a estrutura de suas edificações temporárias - mas que podem ser permanentes, como já aconteceu.

Catedral de papelão na Nova Zelândia


- A durabilidade não tem nada a ver com a força do material. Um terremoto pode derrubar um edifício de concreto e não um de tubos de papel. Tudo depende de como a estrutura é pensada.
Shigeru apontou em sua obra a influência da arquitetura móvel de paredes deslizantes das casas tradicionais do Japão, que as integram internamente e com o espaço exterior. Ela aparece em conceitos como o da casa-móvel - sem colunas, com o telhado sustentado por móveis como guarda-roupas - e da casa "nove quadrados" - com apenas dois cômodos fixos (cozinha e banheiro) e paredes que podem ser deslocadas, com diversas combinações possíveis. Dentro dessa ideia, o arquiteto usa bastante materiais como cortinas de pano e venezianas de vidro.

Escola em que as paredes são de papel

- Elas permitem, dependendo do clima, a abertura completa para aproveitar o verde externo, dispensar o ar condicionado.
Outro exemplo de mobilidade mostrado pelo arquiteto foi seu museu nômade, estrutura gigantesca montada com contêineres ("Material que segue norma internacional, ou seja, é igual no mundo inteiro", explica ele). Feito numa estrutura "tabuleiro de xadrez" (com vãos entre os contêineres), o conceito do museu foi transposto para edificações de três andares para abrigar pessoas que perderam suas casas em terremoto e tsunami no Japão.

Entre seus projetos monumentais, Shigeru destacou o anexo ao Centre Pompidou, na França. Em janelas panorâmicas, ele "emoldurou" paisagens icônicas da cidade de Metz.
- No telhado, usei uma estrutura pendente de madeira tecida, inspirada num chapéu chinês de bambu.

Shigeru, chegou a oferecer seus serviços ao Governo do Estado do Rio para fazer casas temporárias após as tempestades em Nova Friburgo.
- Estou interessado em trabalhar no Rio ou no Brasil, claro. Mas não espero ser convidado por conta de desastres naturais - disse Shigeru, que sugere a construção de hotéis temporários na cidade para as Olimpíadas.

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