População do Japão encolhe e ameaça crescimento do país nas próximas décadas


Enquanto o Japão se esforça para sair da recessão em que entrou em 2014, um problema ameaça a sustentabilidade de terceira maior economia do mundo nos próximos anos: a escassez de bebês, e o consequente encolhimento populacional. Segundo dados divulgados recentemente pelo Ministério da Saúde do país, apenas 1,001 milhão de japoneses nasceram em 2014, 9 mil a menos que em 2013. O número representa a quarta queda anual seguida e é o menor da série histórica. Ao mesmo tempo, com uma população cada vez mais envelhecida, o número de mortes continuou a subir, fechando 2014 em 1,269 milhão. O saldo fez com que a população japonesa diminuísse em 268 mil.

De acordo com estimativa citada pela BBC, se seguir nesse ritmo, a população do Japão, hoje em 126 milhões de habitantes, pode encolher em 30 milhões até 2050. A tendência afeta diretamente a força de trabalho, podendo impactar a capacidade de crescimento do país nas próximas décadas. Além disso, impõe desafios para a manutenção do sistema de previdência, cada vez mais pressionado pelo envelhecimento populacional. 

Em 2060, estima-se que 40% dos japoneses terão mais de 65 anos.

Uma combinação de pelo menos três fatores explica o encolhimento da população: queda no número de casamentos, falta de apoio às mães que trabalham e a aversão dos japoneses à imigração. A preferência pela vida de solteiro já vem sendo observada há alguns anos. Pesquisa de 2011 mostrou que 61% dos homens com idade entre 18 e 34 anos no país não eram casados nem tinham parceira. No caso das mulheres, o percentual era de 50%.

Os custos envolvidos na criação de um filho também influenciam. Para incentivar o aumento das famílias, o governo deve articular reformas para oferecer mais opções de servições como creches, segundo o CNN Money. O objetivo é aumentar o número de nascimentos por mulher para 2,1 crianças por mulher, contra a taxa atual de 1,4.



Já a imigração, que poderia ser a via mais rápida para aumentar a população, sofre com uma forte barreira cultural. Menos de 2% dos habitantes japoneses são estrangeiros, e pesquisas de opinião indicam pouco apoio ao incentivo à imigração. O primeiro ministro Shinzo Abe tem tentado aumentar a ampliação de programas seletivos de imigração, mas sem sucesso em propostas mais ambiciosas.

Para o economista Jun Saito, do Centro para Pesquisa Econômica do Japão, uma conversa honesta sobre imigração é necessária ao país, conforme cita o CNN Money.

“Nós estamos sendo confrontados com uma escolha entre nos tornarmos uma ex-potência econômica inibida principalmente pela população envelhecida, ou nos transformarmos em uma potência econômica ativa, onde japoneses e estrangeiros vivem e trabalham como parceiros”, escreveu o especialista.

Fonte: Extra 


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