A política dos carros ecológicos na Indonésia

O governo da Indonésia introduziu em junho uma política chamada Projeto LCGC, sigla em inglês para Low Cost Green Car, ou seja, carros ecológicos de baixo custo. A política objetiva facilitar a compra de carros por mais pessoas das camadas de menor renda da população. Outro objetivo é a criação de um ambiente mais verde, por meio da utilização de carros de menor consumo de combustível. Contudo esta política se mostrou controversa, pois muitas pessoas acreditam que ela só venha a complicar ainda mais os sérios problemas de congestionamento de trânsito de Jacarta e outras grandes cidades do país. Perguntamos ao professor Danang Parikesit, da Universidade Gadjah Mada, que também é presidente da Sociedade de Transporte da Indonésia, uma ONG envolvida com o desenvolvimento sustentável do transporte no país, sobre o projeto do governo. Ele nos dá mais detalhes a respeito da controvérsia.



Segundo o professor da Universidade de Jacarta, Danang Parikesit existem duas questões da política do governo. A primeira é se esta política realmente se destina à criação de carros baratos e ecológicos. Se observarmos a estrutura dos custos, veremos que o preço caiu não por causa da redução dos custos de fabricação, mas por causa dos subsídios do governo. 


Questiona-se se o consumidor realmente merece subsídios do governo enquanto existem muitas pessoas pobres precisando de subsídios para outros fins. 

Outra questão é se o carro é realmente ecológico. A título de comparação, a maioria dos carros que trafega em Jacarta consome cerca de 1 litro de combustível em 10 quilômetros, enquanto alegadamente este carro verde pode fazer 20 quilômetros com 1 litro. Portanto o governo espera que o carro verde venha a reduzir o consumo de combustível. Mas isso pode não acontecer, pois existem dois grupos de consumidores.


No primeiro grupo estão os que atualmente usam motocicletas. Atualmente as pessoas deste grupo consomem apenas 1 litro de combustível a cada 40 quilômetros, portanto, se eles passarem a dirigir os chamados carros verdes, acabarão consumindo mais combustível do que agora. O segundo grupo consiste naqueles que já possuem um automóvel. Estas pessoas irão comprar um carro adicional com o projeto LCGC.


Para uma situação que seja benéfica a todos, existem três soluções. 

Primeiro, se o governo ainda pretende ir adiante com a política de carros ecológicos de baixo custo, o subsídio não deve ser dado aos consumidores, mas sim às indústrias que estão no início da estrutura do setor automotivo, como as indústrias de metais, componentes ou peças de reposição. Dando os subsídios a estas indústrias, o custo pode ser reduzido e as indústrias se tornam competitivas contra a Tailândia, Índia e Malásia. 

A segunda solução é encorajar uma indústria de ônibus ecológicos de baixo custo. Esta solução é especialmente recomendada. A indústria automotiva será pressionada, pois a indústria de ônibus vai crescer graças aos subsídios do governo. Essa seria uma solução realmente verde porque se mais pessoas passarem a se locomover de ônibus, o consumo de combustível será reduzido.






A terceira solução seria acabar com os carros ecológicos de baixo custo e ao invés disto fazer grandes investimentos no transporte público, deixando empresas privadas desenvolverem a indústria do transporte. Com mais pessoas utilizando transporte público, haverá menos carros nas ruas e a indústria do transporte também vai crescer.



Fonte: NHK WORLD


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