Os desafios da preservação do atum azul


O Japão é o líder mundial em consumo de pescados no mundo, atingindo a incrível marca de 60 kg per capita por ano. Para se ter uma idéia da marca, o Brasil tem um consumo de apenas 9,03 kg, sendo que a OMS (Organização Mundial da Saúde) estabelece um consumo médio de 12 kg por habitante.


Uma das mais apreciadas iguarias da culinária japonesa é o atum azul, que devido a pesca desenfreada, corre sério risco de extinção.

Pensando em soluções para esse problema, foi realizado no mês de novembro, uma conferencia internacional, em Agadir no Marrocos, para se discutir sobre as cotas de pesca do atum azul.

A 18ª Reunião Especial da ICCAT, sigla em inglês da Comissão Internacional para a Conservação do Atum no Atlântico, reuniu países como, Japão, Estados Unidos, Canadá, China e União Européia, maiores consumidores mundiais.

A Rede WWF (World Wildlife Fund) que é o Fundo Mundial da Natureza, espera que “tomadores de decisão” e a indústria pesqueira sigam as orientações do Comitê Científico da Comissão Internacional para a Conservação do Atum do Atlântico (ICCAT, sigla em Inglês) e mantenha até 2015 uma quota de pesca máxima de 12.900 toneladas por ano do atum de barbatana azul, no Atlântico Leste e no Mediterrâneo. 

mercado do atum em Tokyo

Nações pesqueiras, incluindo a Turquia e a Croácia, possuem um forte desejo de que as cotas sejam elevadas. Além disso, um comitê da União Européia também decidiu propor à comissão um aumento da cota para 13.500 toneladas.

Ao mesmo tempo, a WWF e outros grupos conservacionistas com sede na Europa e nos Estados Unidos se opõem ao aumento. Dizem que a população de atuns-azuis não se recuperou o suficiente para que as cotas de pesca sejam aumentadas e também afirmam que companhias de comércio do Japão compram atuns-azuis capturados de maneira ilegal.
“A ICCAT precisa manter um alto nível de ambição pela recuperação dos estoques de atum de barbatana azul, uma espécie frágil e um ícone da sobrepesca na última década. Há avanços positivos no manejo da espécie, mas os países signatários e a indústria precisam se comprometer com as orientações científicas, que recomendam quotas máximas anuais”, afirmou Sergi Tudela, coordenador de Recursos Pesqueiros do WWF-Mediterrâneo. 


A atual sinalização de aumento dos estoques do atum-azul é positiva, mas exige cautela. Ela indica que o manejo baseado no esforço conjunto de todas as partes interessadas traz resultados satisfatórios, inclusive para recursos pesqueiros em situação muito preocupante.


"Mas para que a recuperação plena do atum de barbatana azul do Atlântico ocorra na próxima década, os cientistas da ICCAT deixam claro que as quotas de pesca não devem ser aumentadas. Por isso, a Rede WWF conclama os países signatários da ICCAT para que acatem essa recomendação”, disse Tudela.


O foco da ação da Rede WWF pela proteção e recuperação do atum-azul será as medidas de conservação e o chamado “plano de redução da capacidade da frota”, além de medidas para enfrentar a captura ilegal.


A ICCAT adotou um primeiro plano de redução das quotas pesqueiras de atum de barbatana azul em 2008, cujo conteúdo foi revisado dois anos depois. O plano atual termina em 2013, mas uma avaliação recente demonstrou que ele foi baseado em índices subestimados. Ou seja, a pesca acima dos limites suportáveis pela espécie continua. “Ainda há muitos barcos para pouco peixe a ser pescado de forma sustentável”, afirmou Tudela.


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