Como o trânsito inferniza até a vida das abelhas
Asma, bronquite, doenças
cardiovasculares... A conta que o corpo humano paga por causa do trânsito
carregado nas grandes cidades é velha conhecida da Ciência. Mas não são apenas
as pessoas que padecem com a poluição do
ar. Um novo estudo indica que a queima de combustíveis fósseis, especialmente do diesel, inferniza
também a vida das abelhas.
De acordo com a pesquisa,
publicada no periódico científico Nature, a poluição elimina o odor das flores,
o que confunde as abelhas e afeta sua capacidade de sobreviver e polinizar.
As abelhas têm um senso de olfato sensível e uma excepcional capacidade
de aprender e memorizar novos odores. É a partir desses odores, que elas
localizam e reconhecem as flores onde colhem seu alimento.
“Em um ambiente ideal de campos verdes e ar puro, as abelhas têm
pouco problema em traçar a origem dos aromas das flores. Mas, em uma zona
urbana poluída ou ao longo de rodovias, a exaustão do carro altera violentamente a composição
química dos odores das plantas ou até mesmo os elimina completamente”, explicam
os pesquisadores da Universidade de Southampton, do Reino Unido.
Eles chegaram a essa conclusão depois de testes com um membro de
flor amarela da família do repolho, conhecida como colza. Eles misturaram odores químicos mistos encontrados no
perfume da flor com os da exaustão do diesel e, então, borrifaram o composto em
uma área explorada pelas abelhas. O resultado surpreendeu os pesquisadores: os
insetos simplesmente não demonstraram nenhum sinal de reconhecimento do aroma
original das flores.
Se elas não comem, também não polinizam
Os pesquisadores especulam que os compostos de nitrogênio do
escape, óxido nítrico e dióxido de azoto, são os principais responsáveis pela
aniquilação dos cheiros de flores. De acordo com a pesquisa, ao não conseguirem
encontrar as flores para colher o néctar, as abelhas também deixam de coletar o
pólen.
Três quartos das culturas alimentares do mundo dependem de abelhas
e outros polinizadores, um serviço ecossistêmico no valor de US$ 135 bilhões
por ano no mundo. “O serviço de polinização é crucial para a humanidade”, disse
ao The Guardian o neurocientista Tracey Newman.
Nas últimas décadas, as abelhas produtoras de mel têm visto sua
população diminuir significativamente. Muitas causas para o declínio no número
de abelhas têm sido sugeridas, como a intensificação da atividade agrícola, que
consome grandes áreas de terra, incluindo zonas de polinização desses insetos,
doenças crescentes, uso excessivo de inseticidas e até fatores inusitados como
sinais de telefones celulares.
Fonte: Exame Meio Ambiente
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