No Japão também há casos de trabalho escravo
Ultimamente, um dos assuntos mais comentados na mídia é
com relação ao trabalho escravo.
Comenta-se muito sobre as
condições de trabalho a que são submetidos os diversos trabalhadores,
principalmente os estrangeiros que se encontram em situação ilegal no país,
também sofrem com péssimas condições de trabalho, os menores no interior do
nordeste e pessoas sem nenhuma instrução que desconhece qualquer direito
trabalhista.
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crianças trabalhando |
Alguém imagina que esses
fatos possam ocorrer também no Japão, um país altamente desenvolvido
economicamente? Pois nas regiões mais afastadas, muito brasileiros passaram por
essas condições há alguns anos atrás.
Nos últimos anos devido à
recessão econômica, as empresas japonesas diminuíram o ritmo de contratações de
trabalhadores estrangeiros, e o nível de exigência nas admissões, tornou-se
cada vez mais rígido. Pessoas acima de 35 anos, casais com filhos e que não
dominam o idioma praticamente não encontravam emprego. A solução era encarar o
trabalho duro no interior, como na província de Kagawa que fica na ilha de
Shikoku, uma região muito isolada, onde se predomina a agricultura e pequenas
indústrias familiares.
O recrutamento começa em São
Paulo, onde pessoas que não se enquadram no perfil das empresas japonesas, são
encaminhadas a um agenciador, que faz toda intermediação até o embarque no
aeroporto. Fica combinado que a empresa irá adiantar o valor da passagem que
vai ser descontado em cinco ou seis vezes. As desconfianças começam quando é
informado o valor da passagem, que chega a ser 40% superior ao praticado por
outras agencias. Questionado sobre o assunto, o agenciador explica que o preço
é maior porque é preciso pegar outro avião, quando desembarcar no Japão.
Ao desembarcar em solo
japonês, é feita a conexão em vôo domestico até a cidade de Takamatsu, e depois
mais meia hora de carro até o vilarejo de Shionoe-Cho, onde a maioria da
população é idosa, pois os jovens ao atingirem a maioridade rumam para as
grandes cidades em busca de melhores oportunidades de emprego.
Chegando ao destino, as
pessoas são alojadas em kitinetes feitas de madeira, em locais bem isolados,
sem nada por perto. Após passar por entrevista, descobre-se que o valor da
passagem é bem maior do que o combinado no Brasil, pois está sendo cobrada toda
a assessoria no desembarque e traslado até o alojamento.
O pouco dinheiro que a
pessoa leva pra passar até receber o salário, vai se esvaindo rapidamente mesmo
antes de começar a trabalhar, pois ele tem que arcar com alimentação, uniforme
e equipamentos de segurança que são obrigados a pagar imediatamente, diferente
das empresas nas regiões centrais onde todo material é fornecido gratuitamente.
Após regularizar a situação
na imigração local, o passaporte é retido como garantia da quitação da dívida,
que vai só aumentando, pois com as despesas iniciais, é inevitável a
solicitação de empréstimo.
E o local de trabalho então,
nem se fala, galpões abertos, onde se passa muito frio, sem mínimas condições
de segurança, longas jornadas de trabalho, superando às 12 horas diárias com um
salário bem abaixo da média. E quando recebem seus salários, os descontos são
tantos que a pessoa é obrigada a pedir novamente outro empréstimo, dificultando
ainda mais a quitação da dívida.
Os poucos que conseguem
quitar seus débitos enfrentam outro grande problema, reaver o passaporte.
Alegando que é mais seguro deixar no escritório da empresa, é travada uma longa
batalha com muita conversa, onde o empregador sempre ganha.
Em meados de 2004, um grupo
de trabalhadores resolveu criar coragem e denunciou a empresa para o Consulado
do Brasil que encaminhou a denuncia ao Ministério do Trabalho que foi
imediatamente ao local e constatou as irregularidades, fazendo com que todos os
passaportes fossem devolvidos, e as pessoas liberadas para procurar outro emprego.
As empresas envolvidas foram multadas e outra foi fechada.
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