Japão tem a mais baixa taxa de autossuficiência alimentar entre os países desenvolvidos


Enquanto a produtividade dos produtos tecnológicos no Japão aumenta a cada dia, o setor agrícola vem sentindo a queda gradativa de sua produção

Segundo, o professor Keishiro Itagaki, da Universidade de Agricultura de Tóquio, a baixa taxa de autossuficiência é um problema estrutural. A falta de mão de obra no setor agrícola tem resultado no abandono de terras cultiváveis e o iene forte facilitou a importação. Além disso, segundo o professor existe um fator estrutural ainda maior: os ganhos com a agricultura permaneceram baixos pelos últimos 20 anos. O cultivo das plantações não gera renda suficiente, desestimulando os produtores rurais, que migram para outras atividades mais lucrativas.

Os produtos principais com baixa taxa de autossuficiência são os grãos, como o trigo e a soja, excluindo o arroz. A taxa de autossuficiência do trigo é de cerca de 10%, e a da soja gira em torno de apenas 4%. 




Enquanto isso, a indústria pecuária japonesa é bastante competitiva, em setores como a produção avícola e de carne bovina e suína. A taxa de autossuficiência de legumes e verduras é de mais de 70%, e as frutas produzidas no Japão são de alta qualidade, gerando altos lucros. Assim, segundo o professor a taxa de autossuficiência é alta em produtos agropecuários com alto valor agregado e o Japão depende da importação de produtos com baixo valor agregado.

Segundo Itagaki, o governo do Japão está tentando promover a mudança do cultivo do arroz, que tende a ter excesso de oferta, para o cultivo de outros cereais. Contudo, mesmo se um agricultor decidir plantar soja em vez de arroz, ele não pode esperar um aumento nos lucros, já que o preço do produto é baixo. 

Levando em conta o aumento dos custos de fertilizantes, mão de obra e combustíveis, entre outras coisas, Itagaki observa que não há incentivos econômicos para agricultores plantarem grãos que não sejam o arroz.

O governo do Japão criou uma alta meta numérica para aumentar a taxa de autossuficiência alimentar para 50% até o fim do ano fiscal de 2020. Para atingir este objetivo, o governo lançou medidas, como a tentativa de melhorar a competitividade dos preços fazendo com que agricultores e corporações agrícolas unificassem pequenas regiões cultiváveis. Além disso, o professor diz que o governo também tentou estabilizar a renda cobrindo a diferença quando o preço dos produtos no mercado doméstico fica abaixo do preço internacional. Mesmo assim a taxa de autossuficiência não aumentou. Itagaki sugere que, daqui em diante, será necessário haver um apoio um pouco maior à gestão agrícola, para ajudar a aumentar as margens de lucro do trabalho individual dos agricultores. 

Segundo o professor, os consumidores também têm bastante preocupação sobre a segurança dos produtos alimentícios importados, devido a recentes incidentes, como o uso de ingredientes vencidos numa fábrica processadora de alimentos na China. Contudo, a dependência dos alimentos importados continua aumentando e mais fabricantes japoneses estão transferindo suas fábricas para outros países. Itagaki conclui dizendo que, no futuro, será necessário manter um equilíbrio entre produtos domésticos e importados, entre a produção doméstica de produtos frescos e a dependência de alimentos processados importados, depois de certificar sua segurança.

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